Terça, 16 Abril 2024

Escrevi uma vez aqui sobre o poema “Santos”, de Rui Ribeiro Couto, publicado em “Noroeste e outros poemas”, livro de 1933. No artigo “Uma infância em torno do porto”, de 2006, apontava como a memória do poeta servia de matéria-prima para o poema.

Mas só conhecia a primeira parte do poema, disponível online, já que a obra de Ribeiro Couto não é mais publicada, e só fiquei sabendo no ano passado, quando recebi das mãos de um dos participantes da oficina “Conheça Santos por meio da Literatura” o livro “Poesia de Santos”, uma antologia publicada por João Christiano Maldonado em 1977, que o poema é maior, composto de 10 partes, ainda que pequenas. Nelas, a infância em torno do porto se estende para outros temas.

A centralidade do porto ainda está ali. Além de toda a primeira parte dedicada a desenvolver o verso inicial “Nasci junto do porto, ouvindo o barulho dos embarques”, a segunda parte mantém a paisagem portuária como tema, ainda que o poeta-menino-memorialista dê um tom mais de cronista a esta parte, registrando um “vapor cargueiro no meio do canal”, “como que abandonado pela tripulação”. Futuro diplomada, o menino tem curiosidade sobre a nacionalidade da embarcação: “A bandeira murcha no mastro da popa / Tem muitas cores. Que país é aquele?”.

Na terceira parte, quase uma arqueologia do porto. Nascido em 1898, Ribeiro Couto ainda encontra em sua infância portuária um registro de pescadores ao longo do cais, cena que foi se apagando ao longo do século XX: “As grandes canoas atulhadas de peixe / Balouçam nas águas sujas da bacia. / A multidão zumbidora, pelas rampas, / Cerca os sitiantes caiçaras / Que vieram de longe, a vela e a remo, para o mercado.”

Clique aqui para ler a segunda parte deste artigo.

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