Quarta, 24 Abril 2024

José Alberto Queiroz é pescador desde os oito anos de idade. Atualmente com 60 anos vê com temor a possibilidade de instalação de um estaleiro na baía norte de Florianópolis, em Santa Catarina. Nascido em Santo Antônio de Lisboa, a comunidade mais antiga de Florianópolis, iniciou sua atividade na pesca artesanal e atualmente trabalha na maricultura. A exemplo de milhares de catarinenses que sobrevivem da pesca e da maricultura, Queiroz viu ao longo dos anos a decadência da pesca artesanal. Para ele, o estaleiro da OSX vai acabar com várias atividades que geram empregos em Santa Catarina.

* Montanha Viva questiona crime de omissão no EIA da OSX
* Cientista contratado pela OSX diz que estaleiro é inviável em Biguaçu

PortoGente - Que tipo de pesca era praticada em Florianópolis?
José Alberto Queiroz
- No início era pesca de tarrafa, feita pela mão da gente, com linha de carretel. Pra fazer a tarrafa de peixe era tirado o tucum do mato para tecer em carrinhos de madeira e tecer a tarrafa pra matar o peixe. No espinhel a única rede que se tinha era de linguado, que só matava de 25 kg pra cima. Pela depredação do meio ambiente ao longo dos anos a pesca artesanal ficou completamente extinta. Eu tive a infelicidade de perder minha mãe aos 13 anos e aos 14 anos fugi para o Rio Grande do Sul para pescar. Lá vi tanto peixe que achava que nunca ia faltar. Mas vi com meus olhos ao longo dos anos terminar a pesca no Rio Grande do Sul.

PortoGente - O que vai acontecer com a produção de ostras e marisco aqui na grande Florianópolis se for instalado o estaleiro?
Queiroz
- Se instalar o estaleiro pode matar todos os maricultores das nossas baías e o pescador artesanal. Eles vão detonar com as nossas baías, e não só a do norte. Acham que a baía sul não vai ser afetada? E não só nós e nossos arredores, porque a baía norte é da ponta da lagoinha até a barra da ponte. Vai acontecer um desequilíbrio na natureza porque vão mexer no fundo do mar, afundar, o que vai sair lá desse estaleiro. Os produtos químicos, os materiais pesados que irão jogar nas nossas baías. Eu não sou engenheiro naval, não sou biólogo, sou pescador. Penso, sei, tenho conhecimento e a natureza me ensinou que vão detonar com tudo isso aí, vão acabar com o pescador artesanal e com a maricultura em Santa Catarina.

PortoGente - Em relação ao meio ambiente e ao desenvolvimento, qual a sua opinião?
Queiroz
- Pela campanha que vejo é que tem muita gente entusiasmada, os nossos políticos, vários empresários, o prefeito de Biguaçu, porque falam na mídia que vai gerar mais de 4,8 mil empregos. Eu quero ver, boto meu pescoço na degola se 90% das pessoas que irão empregar vai ser de Biguaçu, ou ao longo do nosso litoral. Não sei se vai ter gente de Santa Catarina. Estão de olho nos impostos que vão gerar para Biguaçu, mas não estão prevendo o que vai acontecer mais tarde. Eles vão detonar um monte de atividades que geram um monte de empregos em Santa Catarina. Que depois pode ser prejudicial, que o estaleiro não vai gerar essa quantidade que estão dizendo. Que vai matar outras atividades que já estão instaladas que não prejudicam o meio ambiente e essa a gente tem certeza que vai prejudicar o meio ambiente. Na minha opinião, aqui [Biguaçu] não é o lugar adequado para fazer um estaleiro desse porte.

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