Sábado, 20 Abril 2024

O anúncio da japonesa Nippon Steel de elevar de 14,4% para 50,9% sua participação na Nippon Usiminas, joint venture entre as siderúrgicas asiática e brasileira que tem o maior peso no bloco de controle da Usiminas, é apenas um presságio do que se pode aguardar para o setor em 2007. Um mapa-múndi das disputas esperadas para o próximo ano já começa a ser rascunhado e o Brasil estará no meio dos duelos, seja como palco para estratégias de expansão de grandes conglomerados, seja como um bloco emergente de aspirantes a gigantes. Por um lado, espera-se que a Nippon Steel e a franco-indiana Arcelor Mittal apóiem projetos de ampliação de capacidade das empresas brasileiras em que têm participação. Na mão inversa, siderúrgicas nacionais como o grupo Gerdau e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) buscarão novas oportunidades de aquisição no exterior para promover seu crescimento.
No Brasil, a briga não se deve dar entre as empresas nacionais e sim entre rivais estrangeiras. Com a elevação de sua participação na Nippon Usiminas, a siderúrgica japonesa está sinalizando que pretende investir mais fortemente na empresa brasileira, de modo a viabilizar a construção de uma nova usina de 5 milhões de placas, avaliada em US$ 3 bilhões.Com o aumento de participação, a Nippon Steel passa a ser a maior acionista da Usiminas, com 12,7% das ações ordinárias da companhia, considerando a compra de 1,7% de ações da Vale do Rio Doce acertada no novo acordo de acionistas, realizado em novembro. Atrás dela estão o grupo Votorantim e Camargo Corrêa, com 11,6% cada, e o fundo de pensão da Usiminas, com 10,1%. A Vale ficou com 5,9%.

A transação mostra a disposição de a Nippon Steel, que até agora assistiu passivamente à movimentação de sua rival Arcelor Mittal, de entrar pesado no processo de consolidação do setor. “A indústria do aço está se consolidando globalmente, é um movimento natural”, disse Yuki Iriyama, diretor da companhia japonesa. Na visão do analista do Unibanco Rodrigo Barros, a Nippon pretende seguir adiante com a nova unidade de placas para fortalecer suas atividades no mercado norte-americano. “Nossa opinião é que a demanda para os 5 milhões de toneladas da Usiminas será, em parte, justificada pelo aumento de produção da Nippon nos Estados Unidos de aço galvanizado e bobinas a frio, voltados para o segmento automotivo”, escreveu o analista em seu relatório.
Há dúvidas se, após a transação, a Usiminas pretende ingressar em uma estratégia de internacionalização mais agressiva, como Gerdau e CSN vêm fazendo. Analistas acreditam que a siderúrgica deva se concentrar em assegurar mercado para a expansão da produção no Brasil. “A prioridade da Usiminas, agora, deverá ser buscar parcerias que viabilizem seu projeto de expansão”, disse o analista da ABNAmro, Pedro Galdi. Fora do País, a Usiminas tem participação na Ternium, ao lado da argentina Techint.

A Arcelor Mittal, por sua vez, deve manter os projetos de expansão das empresas brasileiras que passaram a seu controle após a fusão, as siderúrgicas Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), a Belgo-Mineira e a Vega do Sul — reunidas na Arcelor Brasil — e a fabricante de aço inox Acesita. “No Brasil, vamos privilegiar o crescimento orgânico. Não pensamos em aquisições, pois já temos participação expressiva do mercado”, afirmou ao DCI Rony Stefano, gerente de Relações com investidores para as Américas da Arcelor Mittal.
No primeiro trimestre de 2007, a CST inaugura um novo alto-forno com capacidade para 2,5 milhões de toneladas anuais de aço, que vão ser adicionadas às 5 milhões de toneladas produzidas anualmente hoje. Um projeto de duplicação de uma das unidades da Belgo previsto para 2009 também está em análise.

Fora do Brasil, a Arcelor Mittal poderá armar batalhas com a brasileira Gerdau. As duas têm atividades na América Latina no segmento de aços longos, voltados principalmente para o setor de construção civil. “Vemos a América Latina com interesse porque é uma das regiões onde há espaço para expansão do consumo de aço. Nos países desenvolvidos, o mercado está se retraindo”, diz Stefano.
A Gerdau é a mais internacionalizada das siderúrgicas brasileiras e não parece perder o apetite por novas aquisições. Este ano, concluiu a aquisição da Siderperu. Nos países vizinhos, tem ainda duas unidades na Colômbia, uma no Chile, uma na Argentina e uma no Uruguai. “O setor de construção civil na Argentina tem crescido 20% ao ano. Possivelmente a Gerdau fará novas apostas no continente sul-americano”, avaliou Guilherme Maia, analista de siderurgia da corretora Ativa. Não estão descartadas ofensivas da Gerdau no segmento de planos nos Estados Unidos e na Europa, onde sua atuação se limita a uma participação de 40% na espanhola Sidenor.

Paralelamente, a indiana Tata Steel trava um duelo com a CSN pela anglo-holandesa Corus. Se conseguir vencer a disputa, a CSN passará da 49ª posição para a quarta posição no ranking da siderurgia mundial.Além disso, a operação permitiria o crescimento integrado da empresa, solucionando o impasse com a Vale do Rio Doce sobre a produção da mina de minério de ferro Casa de Pedra. (MG). A Vale tem direito de preferência sobre toda a venda de minério excedente ao consumo da CSN. Com a expansão da mina em curso, o minério excedente poderia ser vendido à Corus, já que esta se tornaria uma subsidiária integral da siderúrgica brasileira. As propostas que estão na mesa são de cerca de US$ 9,2 bilhões, da indiana Tata, e US$ 9,6 bilhões, da CSN.

Hoje, a CSN está em Portugal, com a Lusosider, e nos Estados Unidos, com a LLC. Mas os negócios são insuficientes para escoar a produção das duas novas usinas que serão construídas no Brasil, uma em Itaguaí (RJ) e outra em local ainda não definido. Por isso, a empresa avalia retomar o projeto de construção de uma laminadora no estado de Kentucky (EUA), que consumiria as placas produzidas no Brasil. Esta semana, a CSN retirou a proposta de compra da americana Wheeling-Pittsburgh, após posicionamento do conselho da companhia favorável à união com a também americana Esmark.

Seja qual for desfecho das negociações em andamento, há razões para acreditar que as siderúrgicas brasileiras estarão na posição de consolidadoras no processo de consolidação do setor. “As empresas brasileiras estão capitalizadas, depois de cinco anos consecutivos de crescimento, o que lhes dá fôlego para as futuras aquisições. Por outro lado, não têm estrutura societária pulverizada, o lhes protege de eventuais ofertas hostis”, afirmou o vice-presidente executivo do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), Marco Polo de Mello Lopes. Segundo ele, o processo de consolidação é irreversível, pois há necessidade de se ganhar escala de produção em um setor ainda com baixo nível de concentração. na mineração, as cinco maiores empresas detêm 90% do mercado, na siderurgia, esse percentual é de 20%.

Fonte: DCI - 22/12/06

Curta, comente e compartilhe!
Pin It
0
0
0
s2sdefault
powered by social2s
Deixe sua opinião! Comente!
 

 

 

banner logistica e conhecimento portogente 2

EVP - Cursos online grátis
seta menuhome

Portopédia
seta menuhome

E-book
seta menuhome

Dragagem
seta menuhome

TCCs
seta menuhome
 
logo feira global20192
Negócios e Oportunidades    
imagem feira global home
Áreas Portuárias
seta menuhome

Comunidades Portuárias
seta menuhome

Condomínios Logísticos
seta menuhome

WebSummits
seta menuhome