Quinta, 28 Março 2024

Rodrigo Mourad é sócio da startup Cobli

O WhatsApp mudou a forma como nós nos comunicamos no Brasil. Atualmente, esperar duas horas por uma resposta parece desproporcional. A logística está passando por uma transformação semelhante. Simplicidade e velocidade são o nome do jogo para as empresas que querem se destacar no last mile. Nos Estados Unidos (EUA), o volume de entregas deste tipo aumentou 50% nos últimos 18 meses e a proliferação de startups B2C que se dispõe a entregar qualquer coisa, a qualquer hora e em qualquer lugar é financiada em todos os lugares do mundo.

Após a aquisição recente por 14 bilhões de dólares do Whole Foods, a Amazon, já anunciou: seus membros prime irão receber suas compras em menos de duas horas. A rapidez do WhatsApp, que parecia inimaginável na logística, já é uma realidade. No Brasil, onde muitas empresas fornecem prazos de três a cinco dias e previsões de chegada de seus serviços entre seis horas e dois dias, o baque será grande. Eu não acredito que a infraestrutura seja a maior explicação deste gap, mas a capacidade de execução sim.

O Walmart está se preparando para brigar de frente nos Estados Unidos. Seu plano é lançar serviços de entregas em 800 de suas lojas em uma parceria muito interessante com o Uber e outras companhias de crowd sourced delivery. Essa iniciativa será capaz de atingir 40% dos domicílios americanos. O preço: U$10 por entrega, desde que a compra ultrapasse U$30. Boa cobertura, mas difícil concorrer com os U$12 mensais que o tornariam um membro prime da Amazon.

A Target, outro gigante do varejo físico, também está se posicionando. Junto com a Shipt, irá implementar ainda este ano o serviço de entrega a partir de quase mil lojas físicas.

A tecnologia

Como aconteceu em tantos outros mercados, as apostas da Amazon são baseadas em uma vantagem tecnológica que irá lhe prover mais eficiência e uma melhor oferta para seus clientes. Neste cenário, há duas dimensões principais:

Como o pedido será feito
Como o pedido será entregue
Para dominar os pedidos, a Amazon continuará apostando forte na sua hegemonia digital. Nos EUA, 49% das compras de e-commerce começam no site, enquanto apenas 36% em sites de busca como o Google.

Porém, o futuro da busca muito provavelmente estará no reconhecimento e processamento da voz e as apostas ali são grandes. Walmart e Target se uniram ao Google para explorar a compra através de seu assistente pessoal, presente em mais de 2 bilhões de acessos mensais nos sistemas operacionais Android. A Amazon segue forte com o Alexa tentando atacar o mesmo mercado. Na prática: "compre leite no Walmart" não será mais dito para o cônjuge e cada um dos gigantes aposta que será dito para uma inteligência artificial diferente.

Nas entregas, são outros competidores, mas o mercado também aposta no que começou como um e-commerce para livros. O anúncio de testes com logística para terceiros nos EUA foi suficiente para enfraquecer rapidamente Fedex e UPS. 

O chamado "amazon effect", nome dado ao efeito causado pela empresa que está forçando os maiores e mais tradicionais varejistas e operadores logísticos da maior economia do mundo a se moverem e aumentarem rapidamente o investimento em tecnologias novas e exploratórias. Algo que em muitos casos deixa claro a falta de infraestrutura dessas empresas para projetos inovadores, também está desenvolvendo cada vez mais capacidades tecnológicas e deixando a logística e o serviço aos clientes finais cada vez mais eficiente.

Ainda há novas iniciativas da gigante que podem acelerar muito essa disrupção, como o aumento da legalização de seus drones ou suas apostas no Treasure Truck, iniciativa em que a empresa seleciona um produto "necessário" todo dia, avisa os clientes e entrega para quem tiver interesse.

No Brasil

No Brasil, a Amazon seguiu um modelo vitorioso, começou vendendo livros. Neste último ano, já conseguiu subir seu market share de 4% para 10% e criar o serviço mais eficiente na visão do cliente, pois ao contrário de seus concorrentes mantêm estoque, conseguindo ter maior assertividade nos prazos de entrega e deixando as gráficas mais felizes. Seus principais competidores, enviam os pedidos para as gráficas após o cliente finalizar a compra.

Agora, a empresa começa a apostar em outros produtos e só o anúncio provocou uma queda de 1 bilhão de dólares do mercado livre na Bolsa.

A B2W por exemplo, que já obteve 55% do Market Share do e-commerce brasileiro, entregou em 2016 seu sexto prejuízo anual consecutivo e seu novo recorde: - 485 milhões de reais. Agora, com apenas 20% do mercado, sua posição está bastante desprivilegiada. A Via Varejo, com marcas populares como Casas Bahia, Ponto Frio e Extra, recuou 16,3% no último ano.

A Cobli, startup que aumenta a eficiência da logística na América do Sul, está feliz de ver o gigante vindo ao Brasil. Para nós, é claro que quem irá ganhar no final será o consumidor final. Cada vez mais clientes nossos estão mais interessados em desenvolver melhor seus sistemas de roteirização, previsão de chegada e comunicação com o usuário para estarem na vanguarda de suas indústrias, antes da competição aumentar. É uma pena que precisamos de um empurrão de fora para começar a andar, mas o mercado irá se desenvolver muito rapidamente este ano e provavelmente para sempre. Esperar duas horas, realmente parece não fazer sentido.

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*Todo o conteúdo contido neste artigo é de responsabilidade de seu autor, não passa por filtros e não reflete necessariamente a posição editorial do Portogente.

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