Sexta, 29 Março 2024

Crise da pandemia do novo coronavírus mostra o quanto Brasil poderia se beneficiar se tivesse intermodalidade - com ferrovias, hidrovias e rodoviais atuantes e inteligentes.

Até o fechamento deste texto, na noite desta segunda-feira (23/03), o Brasil contabilizava 34 mortos e 1.891 infectados pelo novo coronavírus, a Covid-19. O País, de dimensões continentais, precisa de uma logística de transporte inteligente com intermodalidade para assegurar que a circulação de mercadorias para o mercado interno e para a exportação não sofra interrupções. Nesse sentido, conversamos com o engenheiro e presidente da Frente Nacional pela Volta das Ferrovias (FerroFrente), José Manoel Ferreira Gonçalves, especialista na área.

Ferrofrente MAR2020José Manoel Ferreira Gonçalves defende intermodalidade para baratear produtos e reduzir poluição.

Para ele, num momento de crise como a atual, percebe-se a importância de projetos logísticos que atendam ao interesse coletivo, e não apenas o de alguns grupos econômicos. É o que vemos, afirma ele, com o modal ferroviário. “Estamos nas mãos de algumas empresas que têm o poder de decidir o que passa ou não em cima dos trilhos”, critica. Gonçalves observa que “o Brasil tem dimensões continentais, mas assim mesmo não temos ferrovias que transportem cargas gerais. Quando fala em cargas gerais me refiro a tudo que se produz, de uma caneta, um remédio a um alimento, eletrodomésticos etc. Isso reduziria o valor desses produtos, inclusive”.

Os poucos grupos que detêm as concessões ferroviárias querem os trilhos para transportar produtos mais vantajosos, principalmente para a exportação, afirma o especialista. “Vou dar um exemplo: somente de 2% a 2,5% dos contêineres que trazem cargas gerais, no caso para exportação, são trazidas através de trilhos para o Porto de Santos, no litoral paulista, o resto vai em cima de caminhões. Essa situação se repete no País inteiro.”

Isso mostra, observa ele, que as ferrovias brasileiras não são usadas para dar apoio à indústria nacional. E o que temos hoje, relaciona, são ferrovias que transportam minério de ferro, soja, milho e açúcar, a grande maioria para a exportação.

Monopólio
Para mudar esse cenário, aponta o presidente da FerroFrente, é necessário “romper esse monopólio que coloca, nas mãos de poucos, o poder de decidir o que vai ou não em cima dos trilhos. Temos duas ou três grandes empresas que monopolizam de maneira absurda o transporte ferroviário, uma dela é a Rumo, do Grupo Cosan, que transporta açúcar para o Porto de Santos e está querendo ganhar, antecipadamente, mais 37 anos de concessão para transportar o que ela quer, no caso, açúcar, milho e soja.” E completa: “Não temos nada contra o porquinho da China que vai ser alimentado pelo farelo de soja que é exportado pelo Porto de Santos, mas não é só isso que importa ao Brasil. Importa também levar alimentação e outros produtos mais baratos às famílias brasileiras.”

Outro exemplo, afirma, se dá entre os estado do Rio de Janeiro e São Paulo, “onde a MRS transporta minério de ferro, porque não tem interessa nenhum em transportar passageiro. Ou seja, duas grandes capitais e metrópoles brasileiras não têm conexão de pessoas pelo modal ferroviário. Precisamos romper esse monopólio criminoso e absurdo garantindo a poucos a decisão do que deve ou não passar pelos trilhos”.

Para ele, diante do enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, a Covid-19, pode-se comprometer o abastecimento, “uma situação que poderia ser minimizada se tivéssemos trens, hidrovias e transporte inteligente por caminhões”. Ele exemplifica: “Uma composição média pode significar de 200 a 300 caminhões de carga pesada. Cada vagão equivale a dois ou três caminhões, cada um com trinta toneladas.”

Ainda dentro da logística de transporte, Gonçalves salienta a importância da intermodalidade, “ela precisa ser praticada, ela é fundamental”. “Precisamos ter mais transporte em cima de barcaça onde houver hidrovias, nas ferrovias, usar o caminhão de forma inteligente. E tudo isso requer centros de concentração de carga na origem e de distribuição na recepção dessas cargas. Precisamos pensar nos interesses coletivos da sociedade brasileira.”

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