Sábado, 20 Abril 2024

O capitão-de-fragata, Petrônio Augusto Siqueira de Aguiar, 44, é comandante da Fragata Liberal há um ano. Nascido na cidade do Rio de Janeiro, é casado, tem dois filhos, reside em Niterói e optou pela carreira militar na adolescência. Aos 15 anos de idade ingressou no Colégio Naval, em Angra dos Reis. No Rio de Janeiro, cursou a Escola Naval, graduando-se, em 1983.

 

Portogente – Quando optou pela carreira militar?

Comandante Petrônio – Eu gosto da Marinha desde garoto. Meu pai não é militar. Tenho apenas um primo que hoje é general do Exército, mas não tive nenhuma orientação para seguir essa profissão. Na verdade, quando fui fazer um curso preparatório para fazer uma prova para entrar numa escola técnica, eu e uma turma de amigos decidimos fazer prova para as escolas da Marinha, Exército e Aeronáutica. Então, naquele ano, após fazer todas as provas, resolvi entrar para a Marinha, onde espero continuar por alguns anos ainda. Gosto muito da minha profissão, me identifico, embora exija muita dedicação.

 

Portogente – Como é praticamente ‘viver’ para a Marinha?

Comandante Petrônio – A gente se dedica muito à Marinha. A minha esposa me apóia em tudo que eu faço, mas reclama um pouco porque eu fico pensando muito no trabalho. Principalmente agora que estou comandando o navio. Mas a gente vai vivendo assim. Tenho dois filhos, o João Bruno, 14, e a Bárbara, 12.    

 

Portogente – Como é a rotina a bordo da Fragata Liberal?

Comandante Petrônio – Trabalhamos a bordo do navio todos os dias. Quando chega o final da tarde, um terço da tripulação permanece na embarcação e os demais vão para casa. Então, o navio está sempre guarnecido pelas pessoas. Quando estamos atracados na nossa base naval, no Rio de Janeiro, a nossa atividade é administrativa, mas sempre nos preparando para o que vamos fazer no mar. Cuidamos da parte de manutenção do navio, reparos, adestramento e planejamos a próxima tarefa que será fora do navio. Entre as nossas atividades, temos que cuidar da cozinha, comprar mantimentos, pagar pessoal, ter roupa lavada, serviço de saúde, pintar o navio, cuidar da embarcação e manter os equipamentos funcionando.

 

Portogente – Qual a atividade do navio fora da base naval?

Comandante Petrônio – Hoje (13/12), quando estamos terminando a fase de modernização do navio, estamos saindo para o mar para fazer testes que não podem ser feitos com a embarcação atracada.

 

Portogente – Entre os dias 10 e 13 de dezembro, a Fragata Liberal esteve no porto de Santos. Qual a razão dessa visita?
Comandante Petrônio –
Nós viemos para Santos, em primeiro lugar, para participar da cerimônia do Dia do Marinheiro (celebrado no dia 13/12). É um navio especial e a Marinha, achou por bem, enviá-lo para cá. Conseguimos unir a nossa estadia aqui com alguns testes no mar. Hoje estamos saindo daqui para fazer cinco testes. Alguns fazemos sozinhos (tripulação) e outros junto com a empresa vencedora do consórcio que está fazendo o trabalho de modernização no navio. O pessoal da empresa embarcará no dia 15 junto com a Diretoria de Sistemas e Armas da Marinha. Essa diretoria é responsável pela fiscalização desses testes contratualmente. Então, embarca o pessoal da empresa, da própria Marinha como inspetor e faremos três testes desse tipo.

 

Portogente –Quais são os testes?

Comandante Petrônio – Primeiro faremos o teste do Sonar, na enseada, na Ilha Grande, só a tripulação. Os demais serão feitos com a empresa contratada. Tem o lançamento de chaffs, tiras de alumínio que são liberadas de um foguete, com o intuito de desviar mísseis do alvo, confundindo o rastreamento e a localização eletrônica. É uma tecnologia desenvolvida pela Marinha do Brasil e agora iremos testar. Testaremos também o link que será utilizado entre navios. O que é isso? A gente se comunica com outros navios por voz, mas também podemos estabelecer a conexão por meio de ondas eletromagnéticas. Para isso precisamos de um software que faça a comunicação entre navios. Esse software já está sendo desenvolvido para esse sistema cujo intuito é evitar que a mensagem seja interceptada por alguém, como ocorre na comunicação por fonia. O último teste será com dois radares de direção de tiro. Agora que mudaram os softwares do radar, notamos que quando o projétil do canhão saia, tendia a sair do alvo e isso não pode acontecer. E agora com o novo software faremos o teste final, mas faremos testes com o antigo também. Outro equipamento de guerra eletrônico que iremos testar é uma antena que ficará em cima do passadiço para medidas de ataque eletrônico. Essa antena detecta um radar inimigo e o navio. Através desse equipamento detectamos o tipo de radar que esse inimigo tem, identificado o radar, a nossa antena jogará um ruído sobre esse radar desorientando-o.

 

Portogente – O senhor tem um livro preferido?
Comandante Petrônio –
Não tenho o hábito de ler, mas, atualmente estou lendo o livro “Cisne Selvagem”, da escritora chinesa Jung Chang. É uma história real sobre três gerações da família dela que mostra a cultura, os costumes e o cenário político daquele país ao longo dos anos. A lição que eu tiro desse livro é que devemos respeitar todas as culturas e para isso, é preciso entender um pouco de cada uma.

 

Portogente – O senhor tem um time predileto de futebol?

Comandante Petrônio – Sou flamenguista doente.

 

Portogente - Esporte preferido?

Comandante Petrônio – Eu gosto de assistir futebol e durante muitos anos joguei basquete.

 

Portogente – Cidade favorita?

Comandante Petrônio – Eu sou do Rio de Janeiro, mas a cidade está muito violenta. Moro em Niterói há quinze anos e não penso em sair de lá. Meus filhos estão crescendo em Niterói, fixando suas raízes, o que é muito importante. Eles estão estudando, fazendo amigos e minha esposa também gosta da cidade, embora trabalhe no Rio de Janeiro.

 

Portogente – Personalidade que o senhor destaque?

Comandante Petrônio – Marquês de Tamandaré. Infelizmente não temos o hábito de cultuar as pessoas que foram importantes para o nosso país. Almirante Tamandaré é o farol que me guia na Marinha. Fora da Marinha é o meu pai João Siqueira.

 

Portogente - O porto de Santos?
Comandante Petrônio –
Gostaria de salientar que fomos bem tratados nesses três dias que permanecemos aqui no Porto de Santos pelo pessoal da comunidade marítima. Quero agradecer o apoio prestado à minha tripulação. Esperamos retornar porque é uma oportunidade de mostrar o navio da Marinha para pessoas que não o conhecem através das visitações públicas que promovemos. Recebemos ontem (12/12/2004) mais de 500 pessoas e isso é muito importante. Quero destacar que o navio é, em primeiro lugar, do Brasil e das pessoas, não só da Marinha.

 

Fragata Liberal – A tripulação do navio é de 230 homens, sendo 21 oficiais e 209 praças. A missão do navio é se opor as ameaças em três ambientes de guerra: o aéreo, o de superfície e o submarino. O Brasil possui, atualmente, mais cinco fragatas, de origem inglesa, construídas na década de 70. “A Marinha comprou, na época, a construção de quatro (fragatas) e o know how para construir duas no Brasil”, disse o comandante Petrônio. Segundo ele, a Marinha deu início à modernização das fragatas adotando tecnologia e pessoal do Brasil, no último mês de novembro.  

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