Sexta, 19 Abril 2024

É a terceira vez que a Marinha do Brasil faz uma escala no Porto de Santos neste ano. Depois de passar a última semana em treinamento de guerra, a esquadra com oito embarcações militares sob o comando do vice-almirante, Aurélio Ribeiro da Silva Filho, foi aberta à visitação pública neste final de semana entre os armazéns 29 e 33. O conjunto composto por quatro fragatas, duas corvetas, um contratorpedeiro - conhecidos como navios-escolta - e um navio-tanque foi visitado por mais de duas mil pessoas.

 

Cerca de quatro vezes ao ano são feitos exercícios em alto mar com grande quantidade de navios objetivando manter o treinamento da tripulação. Dessa vez, foram realizados exercícios de tiro real com canhões, mísseis anti-navio, mísseis de helicóptero contra navio, entre outros. Tudo a 200 milhas da costa, cerca de 400 km. Além dessas atividades, os 1.700 homens da esquadra ainda fizeram exercícios de transferência de óleo no mar e simulações de procura e identificação de navios com helicópteros. Todos esses exercícios são programados com um ano de antecedência.

 

Esporadicamente, os navios saem para fazer alinhamento, ou seja, verificar e ajustar as condições de equipamentos como o radar (olhos do navio na superfície) e o sonar (olhos e ouvidos do navio embaixo d'água).

 

O responsável pelo planejamento de todo esse adestramento da esquadra é o capitão de mar e guerra, Nilo Moacyr Penha Ribeiro, 45 anos, oficial de operação do comando em chefe da esquadra.

 

Ele explica que com o passar dos dias em alto mar, o grau de dificuldade dos exercícios aumenta. Por exemplo, primeiro pode ser colocada uma situação de ameaça com somente um navio patrulha. Em seguida, é simulada uma ação com um navio patrulha e um avião. E assim por diante, até mesmo chegar a ameaça de uma fragata.

 

Toda a tripulação deve ser qualificada, desde marinheiros até oficiais. Para tanto, o adestramento teórico é fundamental. Há avaliações dentro de cada navio de acordo com a sua especificidade e também testes em simuladores nos centros de instrução. Cada embarcação deve realizar um número mínimo de exercícios para se manter na fase de adestramento.

 

A tripulação de uma fragata chega a 250 homens, entre praças e oficiais. Ela é dividida em três grupos que se alternam em quatro horas de serviço para oito de descanso.

 

A rotina, às vezes, pode ser quebrada com as inspeções surpresas. Situações de ameaça e avaria, como alagamentos e incêndios, são criadas pelo comandante do navio ou pelo comandante da Força Tarefa. 

 

Descrever como é o clima de um treinamento de guerra sem passar pela experiência... é um pouco difícil.

 

Bem, a alma de uma fragata chama-se Centro de Operações de Combate (COC) onde são feitas as operações dos armamentos do navio. Está dividido em quatro ambientes de guerra: guerra de submarino, guerra de superfície, guerra anti-aérea e guerra eletrônica. É neste local que 23 oficiais simulam ataques de embarcações inimigas com equipamentos altamente modernos. O armamento e sensores são oriundos da Inglaterra, Dinamarca e Itália. Já parte do sistema de integração é nacional.

 

O capitão-tenente Cláudio Vieira da Silva, avaliador do COC conta que dependendo do exercício o ambiente fica totalmente tenso. "Nós somos levados ao realismo". "Parece até que estamos na Nasa", completa o comandante Penha. Só para se ter uma idéia um tiro de canhão deve ser executado em menos de 20 segundos. Um deles chega a disparar até 300 tiros por minuto. Alguns mísseis chegam ao alcance de 16 km.

 

O capitão-tenente Cláudio e o

comandante Penha

 

A disciplina militar, como já é sabido, é muito rígida. Depois de soar o alarme,  a guarnição tem no máximo três minutos para estar pronta para o combate. Alguns já dormem nos camarotes de macacão. É , definitivamente, não dá pra colocar o despertador mais cinco minutinhos...

 

A responsabilidade de cada homem na operação é total. O comandante depende de todos para garantir o sucesso do combate. Um erro pode ser fatal e comprometer o resultado da operação. É só lembrar que milhares de litros de combustível além de muita munição são carregados no navio. "Isso aqui é uma bomba", define o comandante.

 

Vida no mar

 

O cansaço físico e emocional gerado durante esses treinamentos é inevitável. Longe da família, muitas vezes por longos períodos, resta aos oficiais tornarem-se confidentes. A convivência faz o ambiente ser muito saudável e de amizade. Muitos deles partem deixando problemas familiares e pessoais para trás. As esposas precisam e devem ser compreensivas. Os filhos, pacientes.  

 

O comandante Penha conta que não chegou a ver o nascimento de sua primeira filha, há 18 anos, porque estava no mar. Quando do parto do seu filho caçula, ele se emociona ao relembrar. "A minha esposa chegou a morrer por um minuto. Foi para a UTI e horas depois eu estava viajando. Deixei o meu filho bem, mas ela na UTI. Só fui saber como estava 10 dias depois quando cheguei num porto. Liguei para saber se ela tinha sobrevivido". Esta viagem ainda duraria dois meses.

 

Penha, 27 anos na instituição, define a vida dos marinheiros: "os homens do mar estão vivos em espírito, mas mortos para a sociedade quando estão no mar. Eles deixam a saudade da pessoa morta para os que ficam, mas quando eles regressam trazem a alegria de volta. Por isso os homens do mar são diferentes".

 

O sentimento existente dentro do coração de cada um deles pode ser expresso por estas palavras do comandante Penha: "o compromisso que a gente tem com o navio, com a instituição e com o Brasil é muito maior às vezes do que com o da nossa família.". E completa: "nós somos a única instituição militar que jura perante a bandeira defender o Brasil com a própria vida. Esse sentimento é muito forte entre a gente, acima da nossa própria vida."

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