Quinta, 02 Mai 2024

Um amigo, Alberto Pereira, me contou um argumento de uma história portuária que daria uma boa narrativa envolvendo as bocas do Porto de Santos e os Beatles.

 

I

Tudo começaria em 1961, no porto alemão de Hamburgo, quando jovens diretores de uma empresa de navegação de capital britânico com sede em Santos, em uma viagem de negócios pela Europa, chegam ao distrito de St. Pauli, com seus cabarés e casas noturnas, para uma noite de diversão sem que pudessem imaginar que suas vidas iriam se transformar durante uma apresentação dos Beatles no Top Ten. Ali, nas bocas de Hamburgo, os descendentes de ingleses nascidos em Santos encontram o já quarteto de Liverpool em todo seu potencial, já em sua segunda série de apresentações pela cidade alemã.

 

Os três diretores, meu amigo não inventou seus nomes, se apresentam ao grupo, elogiam sua performance e lhe oferecem rodadas de bebida. Após uma noitada por St. Pauli, o distrito da Luz Vermelha, restam promessas de amizades e novos encontros.

 

George Harrison, Paul McCartney e John Lennon, antes

das franjas, tocam no Top Ten, nas bocas de Hamburgo

 

No dia seguinte, durante o café da manhã, refeitos da empolgação do encontro, é que um deles tem a idéia de contratar o grupo para uma série de apresentações nos bares da boca de Santos, acostumados a receber uma série de apresentações internacionais.

-         Como é que não pensamos nisso ontem? -, lamenta um deles.

-         Vamos voltar hoje à noite ao Top Ten, vamos convencê-los -, sugere outro.

 

II

Herdeiros de uma riqueza proporcionada pelo escoamento do café colhido nas fazendas do interior de São Paulo desde as duas últimas décadas do século XIX, os três diretores trocam rápidos telegramas com a administração em Santos e conseguem chegar a uma quantia para ser proposta ao grupo.

 

À noite, um pouco antes da hora do show, eles chegam ao Top Ten, mas são avisados que a noite anterior havia sido a última dos ingleses na cidade, que voltariam para Liverpool e já deviam estar embarcados naquela hora.

 

Em uma das apresentações no Cavern Club, hoje um local mítico para os fãs da banda, os diretores da empresa de navegação santista de capital britânico divertem-se novamente com os músicos, até conversam novamente com eles e, finalmente, fazem a proposta, mas a casa está lotada e eles só podem pensar em nova viagem depois de uns três ou quatro meses. Só que nesse meio tempo, o dono de uma loja de discos, Brian Epstein, despertado por um fã que procurava um disco em que os Beatles faziam o acompanhamento para Tony Sheridan, decide ir ao bar e conhecer o som do quarteto. Dali, eles assinariam um contrato e logo Love me do estourava nas paradas. O resto é história.

 

Epílogo

Como sabemos, os Beatles nunca tocaram em Santos, e a história dos três jovens diretores acabaria em uma trama de fracasso. Espero que agora meu camarada desenvolva o enredo que volto a apresentá-lo aqui no Porto Literário.

 

Referências

Sobre os Beatles em Hamburgo e a agitação portuária da cidade em PortoGente: Os portos e uma viagem de iniciação do rock’’n’’roll

Curta, comente e compartilhe!
Pin It
0
0
0
s2sdefault
powered by social2s
Deixe sua opinião! Comente!