Segunda, 29 Abril 2024

Depois das bombásticas declarações da sra. Dilma Roussef na abertura dos trabalhos das Nações Unidas, fazendo tremer o presidente estadunidense com as críticas sobre espionagem, os principais integrantes do governo brasileiro se reuniram com empresários em New York, aproveitando a viagem, para solicitar que eles ampliem seus investimentos em logística no Brasil.

Ora, quando o negócio é bom, nem é preciso pedir que venha, os donos do capital sentem o cheiro dos lucros e vêm correndo. Até pelo contrário, pode ser necessário frear o ímpeto dos investidores, para que não venham com tanta sede ao pote.

O problema, portanto, é outro. Antes de chamar os investidores, é preciso arrumar a casa, prepará-la para receber os visitantes. Não bastam apenas atrativos como os alardeados naquele fórum novaiorquino (economia estável, crescimento econômico, baixo desemprego, baixa inflação, paridade favorável com o dólar).

Imagine-se o leitor na pele de um empresário estrangeiro, disposto a investir numa estrada para acesso a um porto nacional. Com quantos ministérios dos Transportes ele precisa dialogar? Temos o dito cujo propriamente dito, temos o ministério dos Portos, temos... Sem falar na quantidade infindável de secretarias, agências reguladoras, até uma empresa para dar palpite nos projetos apresentados. E na infinidade de outras interferências, de órgãos ligados ao comércio, à indústria, ao ambiente, às finanças, ao trabalho... É preciso ainda "dialogar" com governadores, prefeitos, entidades metropolitanas, associações de bairros...

Tudo isso seria parte normal do processo de investimento, se não houvesse um porém. É que cada uma dessas entidades está ligada a um entre dezenas de partidos políticos, e cada partido pensa muito diferente dos demais, mesmo não sendo possível identificar na maioria dos casos a que ideologia está filiado (se é que existe uma).

Dentro de cada partido, é preciso analisar também as correntes dominantes no nível federal, estadual e regional – às vezes elas são até contraditórias, é só ver como os partidos se unem com os próprios "inimigos" nas campanhas eleitorais.

Ainda seria possível fazer algo, se apesar de todas essas divisões e contradições, houvesse pelo menos uma diretriz nacional, que servisse de base para alinhar todos os posicionamentos. Mas, nem isso existe, é só ver quantas obras foram abandonadas país afora, depois de feitos os primeiros investimentos e pagas as respectivas comissões...

Imagem: reprodução parcial de A Tribuna de Santos, de 6/3/2013

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A logística dos especialistas em logística...

Mesmo que um empresário pertinaz consiga vencer essa enorme corrida de obstáculos, conciliar todos os interesses conflitantes, e enfim iniciar as obras, ainda terá mais um desafio: conseguir gente competente para gerir as obras e depois o empreendimento em si. A julgar pelo caos viário no entorno do porto de Santos, promovido pelos terminais ditos de "logística", e que sequer dominam a logística de seus próprios negócios, a ilustre presidente e seus gloriosos ministros perderam um tempo precioso em New York, tentando tapar o sol com a peneira... 

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