Sábado, 18 Mai 2024

Em Piranhas, sertão de Alagoas, engenheiros agrônomos, técnicos agropecuários, e estudantes universitários participaram, em julho, de mais um ciclo de capacitações em conservação de solo que usa uma técnica inovadora: o barramento Base Zero.

A ideia é simples: as mesmas rochas que surgem nas áreas rurais em consequência do processo de erosão são reaproveitadas para evitar que o fenômeno de desgaste do solo tenha continuidade. Além de servirem para criar um ambiente adequado para produção de alimentos e conservar a água nos terraços que se formam com a terra que fica na barragem.

SEM ARGAMASSA

As barreiras de pedras são instaladas em diferentes pontos da propriedade, sem auxílio de argamassa, sempre no curso de algum córrego ou riacho. O objetivo é evitar que, em alguma enxurrada, a água arraste a areia do terreno.

Esse ciclo de capacitações é fruto da parceria entre o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS), gestor do Centro Xingó de Convivência com o Semiárido, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

“O Centro Xingó teve essa iniciativa junto com o ministério para não perder essa época de chuvas, as enxurradas que virão, para que os agricultores não percam matéria orgânica e possam utilizar a técnica rapidamente” explica Aline Melo, do Centro Xingó. “A intenção é que os participantes sejam agora multiplicadores dessa técnica, trabalhando como sementes, tanto nas suas propriedades como em outras propriedades.”

VELOCIDADE

Dessa vez, a técnica foi ensinada pelo engenheiro agrônomo e professor aposentado da Universidade Federal Rural de Pernambuco Osani Godoy. Segundo ele, essas ações conservacionistas estão todas baseadas em um princípio de controle da velocidade da água na superfície do solo.

“Você não deixa ultrapassar para a velocidade crítica, o que preserva o solo, que não será arrastado. O homem desmatou a nossa cobertura vegetal. A chuva, muitas vezes vem de enxurrada, principalmente no Nordeste, que tem muita água em um curto período de tempo”, explicou ele.

As iniciativas do MMA buscam apresentar alternativas para uma boa gestão ambiental, que promova segurança hídrica para as populações e melhorar os ambientes para produção. Estão associadas às ações para o Ano Internacional do Solo e podem ser utilizadas em todo o território nacional.

SIMPLICIDADE

A técnica foi desenvolvida por Arthur Padilha, engenheiro civil de Pernambuco, que desenvolveu um sistema de barragens sucessivas permeáveis e vertedoras (condutoras para a saída da água). O trabalho de Padilha, intitulado Projeto Base Zero, foi adotado pela Agenda 21 na área de Agricultura Sustentável do Governo Federal.

A construção das barragens é feita de maneira simples: as pedras são colocadas no chão sem qualquer tipo de escavação ou colocação de argamassa, já que a própria natureza, com o passar do tempo, se encarregará de fazer a sedimentação.

Toda a construção é feita com o auxílio de instrumentos rústicos de topografia. A técnica é uma boa alternativa para a conservação dos solos num ambiente com indicação de degradação por erosão. Como a barragem é feita de pedras soltas, ela vai filtrando a passagem da água.

BAIXO CUSTO

A tecnologia criada por Artur Padilha é de baixíssimo custo. O Conceito Base Zero se enquadra entre as tecnologias sociais, que são ações de pequeno porte com grandes resultados, de baixo custo e que envolvem a mão de obra da própria comunidade.

“É o caso também das cisternas idealizados pela Articulação do Semiárido (ASA)  e que foram adotadas pelo governo federal com grande êxito”, afirmou o diretor de Combate à Desertificação do MMA, Francisco Campello. “Todas essas ações, conjuntamente, podem mudar o perfil da região do Semiárido, promovendo a segurança hídrica, alimentar e conservando as paisagens.”

O curso tem a proposta de compartilhar um conjunto de conhecimentos práticos e a expectativa é de que se possa elaborar um programa de governo voltado para a conservação dos solos, em torno dessas tecnologias sociais de baixo custo que permitem a um agricultor, a um técnico agrícola, trabalhar os conceitos de conservação e aplicá-los em sua propriedade.

A grande vantagem do uso do Base Zero é assegurar a conservação das bacias hidrográficas, a conservação da água no solo, protegida da evaporação provocada pela ação do vento e do solo, diminuindo o processo erosivo e possibilitando a criação de terraços para a produção de alimentos.

 CRITÉRIOS

A técnica deve ser feita seguindo alguns critérios: o primeiro passo é um bom conhecimento do terreno, por isso é fundamental o diálogo com o agricultor; a barreira deve ser feita em forma de arco romano, o que distribui a força da água para as extremidades, diminuindo o risco de a barreira se romper com a passagem da água.

Além disso, o eixo deve ser perpendicular ao curso das águas; as pedras não devem ser colocadas de forma aleatória; devem ser utilizadas pedras de forma radial, com o menor ângulo voltado para o centro geométrico, e a base das pedras deve ser voltada para o arco.

“Eu aconselho a outros produtores e estudantes que procurem fazer o curso porque é muito importante multiplicar esse conhecimento”, afirmou Rafaelle Miguel, estudante de zootecnia participante da capacitação.
 
Assessoria de Comunicação Social do MMA

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