Sexta, 03 Mai 2024

Roberta Züge, membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS); Vice-Presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Paraná (SINDIVET); Médica Veterinária Doutora pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP); Sócia da Ceres Qualidade

O leite, mesmo com as inúmeras críticas e teorias fantasiosas, que invadem as mídias sociais e são replicadas mais que bactérias em placas de cultura, continua sendo um alimento apreciado e um elemento essencial na dieta de muitas pessoas; no meio rural dizemos que é indispensável de mamando a caducando.

No entanto, inegavelmente diversas pessoas têm apresentado quadros de intolerância ou alergia ao leite. Este fato alimenta ainda mais as tais teorias. Por outro lado, enquanto o ceticismo, em relação ao real valor nutricional do leite, é fomentado por crendices, a ciências busca explicações.

Entre estes estudos, descobriu-se que os problemas de alergia, ou intolerância, parecem ter surgido há apenas um século. Mas o ser humano vem ingerindo leite, de origem bovina, há quase 10.000 anos. Assim, foi necessário investigar o que havia mudado neste último século.

As pesquisas demonstraram que reações dos humanos, em relação a lactose, tem relação direta com um tipo específico de proteína. Sabe-se que todas as fêmeas dos mamíferos, incluindo a mulher, produzem, no leite, uma proteína denominada βcaseina A2. No entanto, algumas fêmeas bovinas sofreram uma alteração genética e passaram a produzir também uma proteína denominada βcaseína A1. A única diferença entre as duas proteínas é apenas um aminoácido na 67ª posição entre 203 aminoácidos que compõem as duas proteínas. A βcaseína A1 possui um aminoácido histidina, enquanto que a βcaseína A2 tem uma prolina na 67ª posição. Este “detalhe” não é aceito pelo organismo de muitas pessoas, assim como, de diversos outros animais.

Intolerância à lactose e alergia à proteína do leite, muitas vezes, são confundidas pelo consumidor. Isto é justificável, pois ambas são ocasionadas pelo mesmo alimento: o leite. Além disto, elas possuem sintomas similares, como desconforto abdominal, cólicas e diarreia. Mas é importante conseguir identificar qual a causa do problema. Afinal, quando se é intolerante deve-se excluir a lactose ou apenas ingerir pequenas quantidades de alimentos, que contenham traços de lactose (também depende grau de intolerância). Por outro lado, na alergia ao leite de vaca, a ingestão de qualquer proteína do leite ou alimentos que contenha qualquer traço deve ser excluída para evitar desencadear uma reação alérgica.

Sabidamente estas enfermidades se expressam somente quando as pessoas ingerem leite oriundos de vacas que possuem os Alelos A1. Tais fatos levaram os investigadores a estudar genótipos e raças e descobrir qual alelo A1 e A2 têm frequências mais altas. As raças europeias têm maior porcentagem de animais com alelo A1. Com a maior inserção de animais de raças leiteiras, nos rebanhos brasileiros, mais leite, oriundo de animais A1, foram disponibilizados ao consumidor. Com isto, um número maior de pessoas está relatando alergias ou intolerância a lactose.

Hoje por meio de testes genômicos, já empregados por diversos produtores em sua rotina, há rebanhos, mesmo de animais de origem europeia (holandesas, Jersey, pardo suíço) sendo selecionados com vacas que sejam A2A2 em seu genoma. Assim, o leite oriundo, destes animais, não causa reação alguma! Liberado leite a todos! Aproveite e beba leite!

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