Uma realidade completamente diferente da dos portos brasileiros, também na relação capital x trabalho. Foi o que a delegação do Porto de Santos, que inclui sindicalistas, parlamentar, universidades e operadores portuários, viu no segundo dia de visita ao Porto de Antuérpia (Bélgica). Começa ao saber que só os trabalhadores registrados (são aproximadamente oito mil) podem fazer trabalhos de manuseio de carga e serviços adicionais na zona portuária (a zona portuária inclui a de retroporto). E isso só depois de fazerem curso e serem aprovados no Centro de Treinamento Portuário da Antuérpia.
O programa de treinamento é custeado em 80% pelos operadores portuários e os 20% restantes pelo governo. O trabalhador que é aprovado no programa de treinamento, caso não obtenha trabalho, recebe seguro-desemprego do governo. E no caso de ter dois anos na funcão, recebe 70% da diária.
Não existe dobra de trabalho no Porto de Antuérpia.
Outra grande e boa diferença é que as negociações salariais abrangem todos os portos da Bélgica. Ou seja, as negociações não são isoladas. Com certeza a negociação unificada fortalece a luta dos trabalhadores na hora de discutir salários e outros direitos.
Foto: Marcelo Martins - Sec. de Comunicação Social/PMS
Delegação brasileira visita terminal de contêineres em Antuérpia
Como as empresas também podem dar prejuízos, os trabalhadores do Porto de Antuérpia não querem participar de seus lucros. Querem bons salários. Uma atitude, sem dúvida nenhuma, inteligente.
Tantas diferenças significaram muito debate e polêmica entre a delegação brasileira, organizada pelo Centro de Excelência Portuária (Cenep) e sindicalistas do Porto de Antuérpia.
Nesta quarta-feira (28), a delegação visita o Terminal de Contêineres e, depois, conhece os portos belgas de Zeebruge e Ghent.
