Sábado, 27 Abril 2024

Caros leitores,

 

Hoje, falaremos da eletrificação da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí.

 

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Corria a década de 40 e os racionamentos diversos provocados pela 2ª Grande Guerra levaram nossas estradas de ferro a procurarem um substituto para o carvão, que era o principal combustível utilizado pelas locomotivas a vapor. Na época acreditava-se que a guerra se prolongaria ainda por muitos anos.

Além do carvão importado da Inglaterra, extremamente racionado na época, poderia haver falta de madeira (natural ou de reflorestamentos) para acionar as máquinas da ferrovia, com evidentes prejuízos ao estado de São Paulo. As linhas da São Paulo Railway- SPR, que administrava a ligação ferroviária entre Santos e Jundiaí, representavam uma artéria importantíssima para a economia de São Paulo, por significar a ligação do interior do estado com o Porto de Santos.

Datam dessa época (1944) os primeiros estudos para a eletrificação de suas linhas, pois, embora o óleo já fosse uma opção para o funcionamento das locomotivas a vapor, e também, algumas locomotivas a óleo diesel já rodassem na ferrovia desde 1947, eram em pouca quantidade para a demanda exigida pelas operações da estrada e havia muita dificuldade para a importação de novas máquinas desse tipo e o fornecimento de óleo também estava racionado. 


English Electric nº 1015 da Santos Jundiaí 

Coleção: Alberto del Bianco

 

Esses fatores, mais o fato de que o uso de eletricidade era considerado um "combustível limpo", e São Paulo possuía vasto potencial para o fornecimento dessa energia devido aos seus recursos hídricos, levaram a Estrada de Ferro Santos a Jundiaí - EFSJ, a decidir-se pela eletrificação de suas linhas. Pouco antes da sua encampação, a São Paulo Railway assinara contrato (12.09.1946) com a English Electric Export e Trading Co, da Inglaterra para o fornecimento de "know-how" e materiais para essa eletrificação.

 

A escolha dessa companhia deveu-se ao fato da SPR ter sido uma empresa construída e operada pelos ingleses durante muitos anos. Com a chegada da Inglaterra dos primeiros lotes de material o governo do estado, que já havia encampado a ferrovia, solicitou que a Cia Paulista de Estradas de Ferro - CPEF, que já operava linhas eletrificadas desde o início da década de 20 e possuía dessa forma um forte "know-how" no assunto, colaborasse com a EFSJ, para que a eletrificação desta, formasse uma estrutura harmônica que levaria o Porto de Santos diretamente ao coração do estado, através da interligação das linhas da EFSJ com as linhas da Paulista.

 

Início da subida da Serra do Mar em Piaçaguera

 

Essa colaboração foi concretizada através da Comissão de Eletrificação na EFSJ, sendo norma, após o término dos serviços de eletrificação (1952), a formação de composições da CPEF tracionadas por máquinas da EFSJ e vice-versa, com grande economia de tempo e recursos nas operações. Assim como era bastante comum ver-se o imponente "trem azul" da CPEF sair da Estação da Luz rebocado por uma English Electric, também era normal ver locomotivas V-8 junto as estações da Santos a Jundiaí, como Paranapiacaba, ou mesmo locomotivas da EFSJ puxando composições inteiras da Cia Paulista na direção do Porto de Santos. A exemplo da Cia Paulista, a eletrificação na Santos Jundiaí era de 3 kV em corrente contínua.

 

 Locomotiva da EFSJ já com as cores da Rede Ferroviária

Federal S.A. RFFSA - Coleção: Cid José Beraldo

 

Hoje, as English Electric’’s estão todas desativadas, após mais de 50 anos de serviços inestimáveis a SPR/EFSJ/RFFSA, pois a  MRS LOGÍSTICA, concessionária da linha, optou pelo uso de locomotiva diesel. Hoje a eletrificação existe apenas o trecho entre as estações de Paranapiacaba e Piaçaguera, onde as locomotivas elétricas Hitachi utilizam o sistema de cremalheira para vencer a forte rampa da Serra do Mar.

 

Locomotivas elétricas Hitachi na Serra do Mar

 

Referências bibliográficas:

http://www.geocities.com/SiliconValley/5978/electro/efsj.html

TÁLAMO, M. A Eletrificação da SPRy, 1999.

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